Relatório do Itaú destaca o impacto econômico dos jogos de azar em-linha no Brasil
Friday 16 de August 2024 / 12:00
2 minutos de lectura
(Brasilia).- O último relatório do Banco Itaú examina os efeitos econômicos dos jogos de azar em- linha no Brasil, revelando preocupações sobre seu impacto nos gastos dos consumidores e na economia nacional. O estudo indica que os jogos de azar on-line, incluindo plataformas como o “Jogo do Tigrinho”, podem representar 1% do PIB do Brasil, com quantias significativas apostadas até 2023, afetando o poder de compra e a estabilidade econômica.
Nos últimos meses, o setor de apostas esportivas e jogos online – principalmente o Jogo do Tigrinho –, tem sido acusado de estar sugando a economia. Depois da divulgação da pesquisa da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), que apontou que 64% dos entrevistados disseram usar a renda principal para as apostas online para que o setor de apostas virasse o grande vilão da economia.
Até o pedido de recuperação judicial da marca de roupas e calçados SideWalk culpa a popularização de sites de apostas esportivas, chamados de bets, como fatores que levaram à crise em empresas do grupo. O texto retrata pessoas que deixam de comer certos tipos de alimento e até adiam compra de móveis para fazer apostas.
“Bilhões de reais são destinados a estes sites de apostas esportivas, retirando tais valores do consumo imediato no Brasil, enfraquecendo o poder de compra do consumidor final, responsável por girar a roda da economia nacional”, escrevem os advogados da SideWalk.
Em outra pesquisa realizada pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) em parceria com o Datafolha, apontou que 14% da população brasileira, cerca de 22 milhões de pessoas, apostaram algum dinheiro de forma online em 2023 e que as bets superam várias modalidades de investimentos dos brasileiros e que o único investimento que permanece à frente das apostas em adeptos é a poupança, com 25% da população tendo aplicado o dinheiro nesse investimento.
Segundo estimativa da XP Investimentos sobre o setor, o mercado de apostas brasileiro já soma o equivalente a 1% do PIB (Produto Interno Bruto) do país. “O relatório cita o BNLData, segundo a qual os brasileiros apostaram entre R$ 100 bilhões e R$ 120 bilhões em 2023. As empresas do setor faturariam cerca de 13% do valor circulado, ou seja, no mínimo R$ 13 bilhões.
Mas não é bem assim…
O Banco Itaú divulgou nesta terça-feira (13) o relatório ‘Apostas on-line: estimativas de tamanho e impacto no consumo’ produzido pelo Departamento de Pesquisa Macroeconômica do Itaú Unibanco S.A.
Segundo a análise do banco que o BNLData teve acesso, o crescimento do setor de jogos e apostas on-line tem suscitado debates sobre o seu tamanho atual e possíveis impactos sobre o desempenho do setor varejista, e a economia como um todo.
Foram utilizados dois métodos para estimar o tamanho atual do mercado brasileiro de apostas e jogos online. A partir do balanço de pagamentos, foi estimado o gasto líquido com apostas em R$ 24 bilhões por ano. Com base nas despesas do setor de apostas com marketing, avaliou-se que a receita anual do setor está entre R$ 8 e R$ 20 bilhões, com valor mediano de R$ 12 bilhões.
Segundo o relatório não foi encontrado impacto relevante do crescimento das apostas sobre o desempenho do setor varejista.
“Não encontramos impacto relevante do crescimento das apostas sobre o desempenho do setor varejista, já que nossos modelos baseados em variáveis macroeconômicas não apresentaram aumento do erro médio no período recente”.
Estimativa do gasto a partir do balanço de pagamentos
Após apresentar o desenvolvimento do marco regulatório do setor desde 2018, o autor destaca que o modelo predominante atualmente ainda é de que as empresas operando no país são reguladas e sediadas fora do Brasil e, por este motivo, o balanço de pagamentos é fonte valiosa de informações para estimar os gastos em apostas.
O relatório do banco Itaú também ressalva que, devido ao estágio inicial do mercado no país, com regulamentação incipiente, não é possível “descartar a possibilidade de que existam gastos que não sejam fielmente captados pelas estatísticas do balanço de pagamentos, seja por manutenção dos recursos no Brasil, seja pela atuação de empresas que não são reguladas em nenhum país, agindo à margem da lei”.
Segundo o estudo, alterações metodológicas realizadas pelo Banco Central possibilitam estimativas sobre o tamanho do setor de jogos e apostas online. Em janeiro de 2023, o Banco Central realizou uma alteração em sua sistemática de registro de dados para permitir a contabilização das transações do setor de jogos e apostas. A partir de então, as taxas de serviço pagas para a empresa responsável pelo jogo ou aposta seriam alocadas na conta “Serviços recreativos, relacionados ao patrimônio histórico e cultural e outros serviços pessoais”; e os prêmios pagos e recebidos pelos ganhadores seriam registrados na rubrica “Renda secundária – Outras transferências”. Após esta mudança, observou-se forte elevação nos valores de ambas as contas, apresentadas nos gráficos abaixo.
A conta onde as taxas pagas passaram a ser registradas saltou de R$ 2,5 bilhões, antes da mudança metodológica, para R$ 26,6 bilhões no acumulado de 12 meses até junho de 2024 (1º gráfico). A diferença, R$ 24,1 bilhões, provavelmente se deu pela inclusão nesta rubrica das taxas de serviço pagas em jogos e apostas.
A conta onde os prêmios são registrados passou de entrada líquida de R$ 6,1 bilhões, antes da mudança metodológica (R$ 9,5 de entradas e R$ 3,3 bilhões de saídas), para entrada líquida de R$ 6,3 bilhões (R$ 53,7 bilhões de entradas e R$ 47,7 bilhões de saídas). Assim, nota-se um aumento expressivo tanto das saídas (valor apostado), como das entradas (valor recebido pelos apostadores que ganham). A diferença entre as contas antes e depois da mudança metodológica provavelmente reflete a inclusão nesta rubrica dos prêmios pagos e recebidos em jogos e apostas.
A soma das taxas (saídas) e dos prêmios (entradas líquidas) totaliza R$ 23,9 bilhões, no acumulado de doze meses até junho. Este valor equivale a 0,2% do PIB brasileiro, 0,3% do consumo total e 1,9% da massa salarial.
“É importante notar que nosso cálculo inclui tanto os valores apostados, quanto os valores recebidos pelos apostadores ao vencerem apostas. Se desconsiderarmos os valores recebidos pelos apostadores quando ganham, teríamos uma estimativa exagerada dos gastos do consumidor com apostas. Para ilustrar, estimamos que o gasto total excluindo os valores recebido por apostadores vitoriosos seja de R$ 68,2 bilhões, valor substancialmente acima de nossa estimativa para o gasto líquido, de R$ 23,9 bilhões (acumulado de doze meses até junho)”, registra o relatório.
Estimativa da receita a partir dos gastos com marketing
Outro método para estimar os gastos com jogos online é a partir das despesas das empresas do setor com marketing. “Ao identificar quanto essas empresas gastam com marketing, e que fração esses gastos representam das suas receitas totais, podemos chegar a uma estimativa da receita total do setor”, registra.
O estudo estima que o gasto total do setor com marketing entre R$ 5,8 e R$ 8,8 bilhões. Um levantamento feito em maio de 2023 pelo jornal O Estado de S. Paulo estimou que o gasto das empresas de apostas em patrocínios no futebol (clubes, competições e transmissões de televisão) foi de R$ 3,5 bilhões. “Adotamos a hipótese de que estes gastos representem de 40% a 60% do gasto total com marketing, já que as empresas também gastam com anúncios online, TV, rádio, publicidade com influenciadores, entre outros meios”, informa.
Com base em exemplos internacionais, foi adotada a hipótese de que as empresas operando no Brasil gastem entre 45% e 75% de suas receitas em marketing. “Consultamos alguns demonstrativos financeiros de empresas internacionais de capital aberto durante o período entre 2021 e o primeiro trimestre de 2024. No Reino Unido, mercado mais maduro onde as apostas foram regulamentadas há mais tempo (2005), o gasto com marketing tem se situado em torno de 20% da receita bruta. Nos Estados Unidos, onde o mercado de apostas ainda está em fase de expansão (desde 2018 já foi regulamentado pela maioria dos estados), as empresas ainda gastam mais com marketing, próximo a 30% de suas receitas.
Já o mercado brasileiro é ainda mais recente do que o norte-americano, pois a lei de regulamentação nacional foi aprovada apenas em dezembro de 2023. Acreditamos que uma boa aproximação (não existem dados de balanço ainda) é de que as empresas instaladas no Brasil gastem o que as norte-americanas gastavam alguns anos atrás – em 2021, por exemplo, os gastos em marketing nos EUA variavam de 48% a 75% das receitas”, informa.
O estudo estima que as receitas do setor fiquem entre R$ 8 e R$ 20 bilhões, com valor mediano de R$ 12 bilhões. “A incerteza decorre do grau limitado de transparência que caracteriza, até o momento, o setor. A tabela abaixo combina diferentes hipóteses para a porcentagem da receita gasta com marketing (de 45% a 75%), e diferentes hipóteses para o gasto total anual com marketing (R$ 5,8 a R$ 8,8 bilhões)”.
Houve impacto relevante do crescimento do setor de apostas no consumo geral?
O relatório questiona se as apostas online estão crescendo às custas do setor de varejo. “Debates sobre o desempenho do setor varejista este ano têm sido comuns, e uma das explicações levantadas pelos que acreditam que o setor está tendo um desempenho aquém do esperado é de que os consumidores têm gasto cada vez mais com apostas on-line, e reduzido seu consumo de bens. Nossos modelos não apoiam esta hipótese. As vendas no varejo têm apresentado resultados dentro do esperado. Nosso modelo macroeconômico para as vendas no varejo baseia-se em quatro variáveis: renda, crédito, confiança do consumidor e poupança. Não identificamos aumento no erro de projeção com base nas variáveis macroeconômicas, como se observa nos gráficos abaixo”.
“Note-se que o consumo, capturado pelo PIB, é ordens de magnitude mais amplo do que o setor de varejo representado no mercado acionário, o que pode ajudar a explicar o aparente descolamento entre renda e receitas do setor de varejo. A aproximação, em suma, não é muito apropriada”, finaliza o texto do relatório.
Após a publicação da matéria, o Itaú esclareceu que os brasileiros tiveram gastos totais de R$ 68,2 bilhões no acumulado em 12 meses até junho de 2024 e resgataram 44,3 bilhões em prêmios pagos pelas bets – ou seja, 35% a menos do que gastaram.
Categoría:Reports
Tags: Sin tags
País: Brazil
Región: South America
Event
G2E - Las Vegas 2024
07 de October 2024
O ''Brilho do Campeão'' da FBM iluminou a edição de 2024 da G2E
(Las Vegas, Exclusivo SoloAzar) - Na recente edição da G2E 2024, realizada de 7 a 10 de outubro no The Venetian Convention & Expo Center, em Las Vegas, EUA, onde mais de 25.000 profissionais do setor se reuniram, a FBM se destacou com produtos inovadores que combinam tradição e modernidade, além de sua visão estratégica no setor.
G2E Las Vegas: a Air Dice diversifica e otimiza os seus produtos de jogos, caça-níqueis e bingo
(Las Vegas, Exclusivo SoloAzar) - A diretora comercial da Air Dice para a América Latina, Rocio Moitino, concedeu uma entrevista à SoloAzar na qual compartilhou suas opiniões e estratégias após a participação da empresa na G2E Show. Ela disse que a empresa ampliou sua oferta e concentrou suas inovações na diversificação e otimização de suas soluções de jogos, caça-níqueis e bingo.
Soluções integradas da JCM Global: inovações que impulsionam a experiência de cassino na G2E 2024
(Las Vegas, Exclusive SoloAzar) - Durante a G2E 2024, a JCM Global deslumbrou os participantes com suas soluções inovadoras DSS CURVE e DSS CIRCLE, juntamente com a automação robótica ICB ASAP, aprimorando a experiência do cassino e otimizando a eficiência operacional, para grande aclamação do público.
SUSCRIBIRSE
Para suscribirse a nuestro newsletter, complete sus datos
Reciba todo el contenido más reciente en su correo electrónico varias veces al mes.